quarta-feira, 21 de março de 2012

O mistério familiar?

Os meus pais separaram-se.
Ou melhor, a minha mãe saiu de casa. Praticamente fugiu pois é impensável ser possível que o meu pai aceitasse as coisas de outra forma - não quer isto dizer que tenha aceite mas assim não teve forma de o impedir.


Embora não tenha dúvidas (há anos) de que ficam melhor separados do que como estavam - porque já se tinha tornado completamente insuportável - isso não torna a situação mais fácil.
Tem sido um verdadeiro inferno. O meu pai tem feito imensa pressão comigo e com a minha irmã - uma vez que a minha mãe cortou todo e qualquer contacto com ele - e tornou-se praticamente impossível estarmos descansadas. 
A minha irmã está com ele, a minha mãe está longe e eu em Itália. Por um lado dou graças por estar longe mas por outro é a pior coisa que aconteceu pois não posso ajudar em nada a minha mãe nem a minha irmã que está só com o meu pai.
Têm-se comportado como duas crianças recusando-se (a minha mãe) a falarem um com outro e a aceitar (o meu pai) que as coisas estão mesmo a acontecer, da forma que estão, não havendo volta a dar e, principalmente, que eu e a minha irmã não temos NADA a ver com o facto deles se terem desentendido e, por isso, não têm de nos envolver no assunto! Ponto e basta.

Mas não entendem. Já me chateei, já falei, já tentei fazer perceber, já discuti (com o meu pai ainda na quinta feira e foi feia a discussão). É frustrante. Não há nada que possa fazer. Tenho tentado dar força à minha mãe como posso e suportar as acusações que o meu pai lhe aponta quando me liga.
Em 3anos que estou fora de casa, nunca me ligou tanto como desde que a minha mãe não voltou para casa depois de regressar de Itália. Chegou a ligar-me mais de 20vezes numa noite. Ligava-me todos os dias na primeira semana e só sabia queixar-se ("como é que ela me foi fazer isto" e "não se resolve nada assim" e "foi-se embora sem dizer nada" e "quanta ingratidão depois de tantos anos"), fazer-se de vítima ("mas o que é que eu fiz?!", "não aconteceu nada, nós não discutimos"...), dizer que ela nos abandonou também a mim e à minha irmã (quando foi sempre ele o pai fantasma) e pedir-me que dissesse a minha mãe para falar com ele, para lhe ligar, para voltar para casa, para tentar saber onde ela está porque "ela não está bem da cabeça"... 
Agora, na minha terra natal, está o maior alvoroço e toda a gente palpita e inventa histórias sobre a minha mãe, a minha própria família tece juízos sem ter a mínima noção do que se passa. Claro que a minha mãe é quem não presta e a culpada e tudo mais. O meu pai é a vítima, o abandonado que não fez nada, o que foi traído pela mulher que o enganou (até há histórias de que a minha mãe tinha amante e fugiu com não sei quem...) e, agora, o que não a quer de volta, nem mesmo se ela quisesse - mas que continua a pedir à minha irmã, a mim não porque ouviu das boas há dias, para que a minha mãe lhe ligue.

1 comentário:

  1. já andava desconfiada ... daí ter dito o que disse no testamento que te escrevi no outro dia ... mas independentemente de sentires que estas a ser egoísta e que devias era estar lá, no fundo, e na realidade, estás bem aí! Porque aí estás a lutar por um futuro melhor para ti. Porque aí estás a pensar em ti.
    [e sendo sincera, mas espero que não leves a mal, é bom estares um pouco afastada de tudo, porque se mesmo assim, a situação com o teu pai está nesses termos, imagina se estivesses lá? ainda para mais em lisboa, mais perto da tua mãe que ele?]
    e quanto ao resto da familia, é sempre mau vermos o nome de alguém de quem gostamos, estar na lama ... mas ao mesmo tempo, o importante é vocês (tu e a tua irmã) saberem a realidade de tudo, e como as coisas realmente são ... tenho é pena que o teu pai deixe a situação continuar a arrastar-se e não entenda que só está a fazer mal a ele e a vocês ...

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Obrigada pelas tuas palavras!

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