quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Que futuro? Que solução?

Duas pessoas, um sonho comum. Uma casa própria. Nada de luxuoso, nada de exagerado, a concretização do sonho de ter um lar ao qual possam chamar “seu”.

Preços elevados, dois salários médios e quase nenhuma possibilidade.
Os rendimentos disponíveis não são suficientes para um empréstimo a 30/40 anos, no valor de 190.000€.
Pergunta: qual é a alternativa? Arrendar a vida inteira?
Estamos a falar de dois ordenados, no valor global de cerca de 1.700€ mensais. Sem encargos fixos. Sem nenhum crédito pessoal, automóvel, férias ou outro. Estamos a falar disto apenas. Refiro-me a um estilo de vida o mais poupado possível, sem saídas para comer fora, sem férias, sem compras ou gastos reflectidos e ponderados três mil vezes, de poupança ao máximo!


Resposta: Não há capacidade financeira. Fim da linha. Não há mais nada a fazer.


Mas como é que se pode conceber um futuro, uma sociedade assim? Em que aqueles que se pretende que sejam o futuro, que tudo investiram na formação, sejam compensados com salários demasiado baixos para os preços de tudo – desde a alimentação ao alojamento?
Isto é tão injusto e tão frustrante. Que raio de futuro é que temos? Como é que é possível haver tanta especulação nos preços das casas? Sou só eu que o vejo como um bem essencial? Atenção, não estou a falar de uma casa com piscina, suite e etc.!!! O que está em causa é uma casa modesta, capaz de satisfazer as necessidades de uma nova família (duas pessoas) que pretende crescer!
E ousar ter filhos? Pensar no encargo que isso acarreta, nas responsabilidades e na perspectiva de estagnação (quando não degradação) das condições - os rendimentos não aumentam, os encargos avultam-se. É asfixiante antever um futuro assim.

Não consigo ser optimista tendo diante dos meus olhos este cenário. Que raio de esperança há nisto? Que raio de futuro podemos almejar? Não me conformo. Não é justo. Isto não é vida para ninguém (quem fala de uma casa, fala de um emprego, de um propósito profissional que implique um investimento avultado, de uma viagem de sonho, etc. etc., seja qual for o objectivo de vida de cada um). Que sufoco!


Só quem viva com os pés fora da Terra é que precisa que venham estudos ou relatórios dizê-lo... mas se dúvidas houvessem... mais aqui.

16 comentários:

  1. Olha querida, estou na mesma fase que estás. As casas estão pela hora da morte, o orçamento é semelhante ao teu. Estabelecemos o limite de 150 000€. Estamos a deixar esta euforia das casas passar, porque toda a gente voltou a comprar. Entretanto isto há-de acalmar. E as coisas hão-de melhorar, acredita.

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    1. Pois, mas nós temos receio que os preços continuem a subir ainda mais...e já alugamos casa há tanto tempo que só de fazer contas a rendas temos um pequeno ataque :/
      Obrigada, boa sorte também para vocês. Que tudo corra pelo melhor ***

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  2. E olha que esses rendimentos mensais são maiores do que muita gente tem, ainda assim. Percebo perfeitamente a sensação de injustiça. A sério. Somos a primeira geração a ganhar menos que a geração dos nossos pais. Fazemos parte de uma geração de pessoas com mais estudos, mas menos capacidade económica. Não faz sentido nenhum, quando ter maior qualificação deveria ser sinónimo de melhores empregos e melhores salários. É a vida que temos. E depois ainda vêm os mais velhos dizer que somos "entitled", que achamos que "queremos e podemos". Somos esforçados, trabalhadores, lutamos por futuros melhores e temos menos do que os outros antes de nós têm, com muito menos qualificação e menos esforço.

    Há dias em que realmente isto desanima.

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    1. Começaste precisamente pelo que eu acho: nós até somos abençoados por termos o rendimento que temos! Não consigo perceber como se deu /emprestou dinheiro a rodos a gerações anteriores, que ganhavam muito pior que nós nem posso imaginar como vivem famílias com ordenados mínimos!!! É simplesmente absurda e ridícula esta sociedade! Não dá para entender, juro.

      Eu há dias em que perco completamente a esperança (como é claro pelo post)...mas pronto. Que alternativa nos resta afinal?

      Bjs

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  3. Mas quando dizes "Os rendimentos disponíveis não são suficientes para um empréstimo a 30/40 anos...", o que aconteceu? O banco não recusou o empréstimo?
    A minha curiosidade é porque em breve também vou estar nessa realidade.


    AA

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    1. Sim, o banco diz que não temos capacidade. Um dos bancos. A alternativa é irmos a todo o santo banco até que um nos empreste o que precisamos sem nos arrancar couro e cabelo e fazer de nós gato-sapato -.-
      Boa sorte!

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    2. Juro, estou chocada!!
      Mas ainda tenho esperança: tenho uma amiga que conseguiu agora no banco CTT.
      A ver vamos.

      AA

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  4. As casas em sítios bons são caras tanto para arrendar como para comprar. Muitas pessoas estão a tentar comprar casas aos bancos porque são mais baratas mas sim é uma situação muito difícil porque se não existir uma poupança ou ajuda da família (como prenda). No empréstimo temos depois todos os extras que o envolvem ( seguros, condomínio, etc) no aluguer não temos isso mas os senhorios cobram valores para pagar tudo isso e sei de casos onde até sai mais caro do que comprar, ao.contrário do que acontecia antigamente.
    Se fosse começar tudo de novo eu procuraria num sítio mais ou menos um terreno e construiria. Existem sítios ate3 centrais que estão a ser "desbravados" onde as legalizacoes são recentes que podem ser uma excelente opção.

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    1. Obrigada Sandra, pelo testemunho e dicas. Nós não temos quem nos "ajude", muito pelo contrário - com alguma sorte somos nós a ter de ajudar os nossos ascendentes que não se sabem governar mesmo quase com o dobro do nosso rendimento!!!
      Enfim, nós já nem vemos em determinadas zonas que são completamente proibidas para nós. Pelos nossos trabalhos estamos algo condicionados na localização, além disso, pelo limite orçamental, há locais para os quais nem olhamos. Ou seja, no fundo, com estas condicionantes sobra-nos logo pouquíssima escolha -.-

      Zonas "novas" ou a construção num terreno seria interessante se não implicasse um grande afastamento dos acessos (que depois nos prejudica o tempo de deslocações ad eternum e generalizado ou estarmos "isolados" e dependermos do carro para tudo) e/ou se os terrenos que se encontram não fossem tão caros - nós ponderámos isso: facilmente um terreno custa 60000€ e é um bom preço + a construção deve rondar no mínimo 150000€, por isso acaba por ser semelhante aos preços do que temos procurado...

      Difícil também é que nos concedam crédito!

      Beijinhos

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    2. Eu não consigo perceber de onde és para te poder contar a minhs experiência e preços á 2 anos atrás mas não tinha nada a ver com esses valores e era no concelho de Oeiras (nós trabalhamos na outra ponta de Oeiras e em Lisboa). Envia-me e-mail estemundoemeu@gmail.com

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    3. Estou na ponta oposta de Lisboa. Moramos neste momento em Odivelas (para termos bons acessos à cril que nos leva aos nossos trabalhos (afastados por +/- 50km)

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  5. Sei bem do que falas, também ando à procura de casa para comprar com o meu namorado mas lá está tudo é demasiado caro face ao que ganhamos ( ... ) veremos até onde isto nos irá levar .

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    1. E é que quando pensamos que a alternativa é arrendar, aos preços a que está, é uma "não" alternativa ne?! Ou então moramos na casa dos pais, se tivermos essa possibilidade (o que no nosso caso é impossível pois trabalhamos numa cidade distante dos nossos pais), até aos 50 -.- porque afinal o dinheiro não estica, os ordenados são uma miséria e as casas são caríssimas.

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  6. não é nada fácil hoje em dia..... nós tivemos que baixa as nossas escolhas devido ao empréstimo...

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  7. E porque não procuras casas entre os 85000 e os 130 000? Tenho uma amiga que comprou agr um t2 em Vila nova da Caparica quase novo por 90 000 e olha que ela vive sozinha e com um rendimento parecido com o teu... Eu comprei há 6 anos em Caneças, por 130 000, novo a estrear e com excelentes áreas. Eu vou de carro para Lisboa, mas há transportes... É uma paz e sossego, e olha que os preços nestes sítios compensam bem e a qualidade de vida também. Tudo de bom e que encontrem a casa ideal!

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    1. Nós procuramos em Lisboa, a Margem sul não é hipótese para nós mas até Caneças vamos. Só não vamos mais longe porque temos limitação quanto aos nossos locais de trabalho (que são muito distantes um do outro). A nossa ideia inicial era ficarmos por esses valores, no máximo 130000€, precisamente mas entretanto já mudámos de ideias e não queremos apartamentos... pelo que não conseguimos ir para moradias (ainda que pequenas, a precisar de obras, etc.) que correspondam em termos de áreas, localização e outras questões por muito menos de 200000€. Daí a dificuldade... É um valor alto, é verdade mas também só estamos a considerá-lo para não termos "data de validade" na casa que comprarmos, ou seja, para que não tenhamos de mudar daqui a uns anos. Não quer dizer que não mudemos mas a obrigação ou a necessidade de isso acontecer é que não queremos ter, já que a pessoa se tem de endividar para a vida...
      Obrigada pelo testemunho*

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Obrigada pelas tuas palavras!

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