quarta-feira, 30 de março de 2011

Deficiência motora


“Sabia que 135mil portugueses não vão conseguir ler esta revista por ausência ou redução grave da visão, 115mil poderão lê-la mas não conseguirão ouvir o comentário que alguém ao seu lado possa fazer por ausência ou redução grave da capacidade auditiva, 66mil não conseguirão expressar a sua opinião através da fala, outros 87mil terão graves dificuldades na compreensão da mensagem e 357mil terão dificuldade ou estarão impossibilitados de chegar ao local onde obteve este jornal por incapacidade de locomoção? A estes números, juntam-se ainda os 130mil portugueses com dificuldades em cuidar de si próprios, os 106mil incapazes de realizar as tarefas diárias normais e os 200mil com algum tipo de incapacidade comportamental. Ao todo, são quase um milhão de portugueses com algum tipo de deficiência. Pense no que hoje pode fazer por um deles. Aceite a diferença de alguns como um problema de todos.”
In Aceite a diferença, campanha do Secretariado nacional para a reabilitação e integração da pessoa com deficiência, 1999


Muito além de todas as barreiras arquitectónicas e obstáculos físicos que os portadores de deficiência motora têm de enfrentar, são obrigados a enfrentar, a maior dificuldade e obstáculo mais forte são os que são criados pela incompreensão, não aceitação e indiferença das pessoas que não se consideram portadores de deficiência (porque em bom rigor, todos nós somos portadores de algum tipo de deficiência). As mentalidades são as responsáveis pela maior discriminação e limitam a acessibilidade ferozmente. Acima de tudo, é necessária uma pré-disposição a aceitar a diferença dos outros, esforçar-se por perceber, entender, encorajar e motivar, sem discriminar, sem por de parte ou achar que são uma minoria com a qual não temos (todos nós) de nos preocupar. Porque, numa questão de segundos, podemos passar, nós, a fazer parte desta "minoria" por uma qualquer infelicidade (acidente ou doença).
É preciso criar, efectivamente, cidades para todos mas penso que, hoje em dia, o maior problema reside nas cabeças das pessoas, nas pré-concepções, imagens e ideias negativas acerca da deficiência/incapacidade.

No fundo, a sociedade acaba por “empurrar” estas pessoas para a discriminação e exclusão pois, mesmo não havendo uma discriminação à partida (através da falta de meios físicos/medidas que lhes proporcionem uma vida autónoma), existem uma infinidade de factores que dificultam, de tal maneira, as tarefas mais simples (como deslocar-se à faculdade ou ao trabalho ou ter meios de ir sozinho ao supermercado, café, etc.) que se torna muito fácil para o portador de deficiência criar o desejo de desistir e o isolamento que conduzem, por sua vez, à exclusão social.

1 comentário:

  1. é verdade, há muitas dificuldades, quer a nivel de espaços como pela mentalidade dos outros, para pessoas que têm deficiencia.

    bjokas

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Obrigada pelas tuas palavras!

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