sábado, 25 de junho de 2011

Se tenho medo?

Tenho! Claro que tenho! Ora que pergunta mais estúpida!
Tenho muito medo. Mas não posso deixar nunca que o facto de recear me impeça de viver.


O coração dita as regras, por mais que tentemos pôr a cabeça e a razão no comando isso não é concebível. Talvez até seja para algumas pessoas mas para mim, feliz ou infelizmente, não é! O que sinto é sempre o que me orienta, a minha bússola. Por mais que os medos me retraiam e que as cicatrizes me façam pensar uma e outra vez antes de fazer ou dizer algo, o sentimento não ouve nada disso, nada do que a razão impõe o coração escuta. Ele é como uma criança teimosa e casmurra que só faz o que lhe apetece, como quer e quando quer. Nunca deixa de levar a sua àvante. Acho que vai ser sempre assim, comigo. Por mais que tema, nunca vou deixar de sentir. Por mais que tenha medo e que tenha sido magoada, que me doa ainda e não esteja totalmente curada (será que alguma vez estarei? Não será uma "cura" constante?) o coração falará sempre mais alto assim que tenha algo a dizer.
A cabeça é bem mais racional, joga mais pelo seguro, não quer tanto arriscar porque está marcada e se lembra do que o coração já passou...mas dá sempre o braço a torcer...


No fundo é como se fosse mãe do coração, que faz asneiras, se magoa e esfola joelhos e volta sempre para junto da mãe a chorar e a dizer que "nunca mais" e lamenta-se durante instantes mas volta a sair a correr assim que seca as lágrimas, no desejo de voltar a cair e com a certeza de que terá lá a mãe cabeça para o afagar apesar de tudo e "no matter what".
A mãe tem teme pelo filho coração e não gosta de o ver sofrer tentado evitar, tanta vez que ele volte a sair porta fora mas é inútil porque também não quer ver aquele de quem gosta fechado e isolado do mundo, preso à razão. Deixa-o ir mais cedo ou mais tarde, com maior ou menor receio, sempre à espera que ele entre porta dentro a chorar baba e ranho novamente. Ela há-de ralhar-lhe e dizer-lhe "eu bem te avisei" mas há também de abraçá-lo e consolá-lo porque é o seu papel. 
Como qualquer mãe, só quer o melhor para o seu filho e estará feliz se ele estiver, vai chorar com ele quando ele sofrer. Quando souber dele estar bem ficará bem também e quererá deixá-lo seguir sozinho como se ele estivesse a dar os seus primeiros passinhos e ela irradiará de contentamento por ver que o coração está feliz.
Porque sabe que, mesmo longe dela, mesmo afastado da razão, ele está seguro por um amor que ganhou, que é algo do maior que há no mundo! Deixará que ele comande se houver nela a certeza de que ele é feliz e estará descansada com isso.


O coração? O coração é uma eterna criança indisciplinada, inconsequente, que tem de ouvir a mãe e que, muitas vezes, até quer ser como ela mas não consegue, é mais forte do que ele e sabe que será sempre assim, que isso nunca irá mudar.
Ele ouve-a e sabe que ela tem razão e está correcta mas é impossível para ele não se deixar conduzir pelo que sente, então, vai ter de ser inteligente (racional não consegue) para evitar cicatrizes maiores na hora de cair.

Quanto mais cair e se magoar, maiores feridas tiver, mais a mãe cabeça o retrairá, o chamará à atenção e o tentará por alerta, no sentido de não o ver sofrer tanto, vai ser mais difícil ele entregar-se, ele sentir sem reservas, ele dar-se como da primeira vez mas acabará sempre por o fazer, mais cedo ou mais tarde, a maior custo mas, se sentir de verdade, fa-lo-á!

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