quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Estado de tese IV

É impressionante o poder que a minha mãe consegue ter sobre mim.
Ligou-me há pouco:
- Já está feito o trabalho? 
Eu não ouvia nada bem do outro lado e pedi-lhe que repetisse:
- Já acabaste a tese?

Não percebi bem. Isto é só para eu me rir ou para chorar baba e ranho?

Será que alguém além do próprio saberá o que se passa quando se tem "trabalhos" destes para fazer? Eu descobri, tarde de mais talvez, que o meu tema implicava muito mais trabalho de fundo e um esforço acrescido da minha parte. Teria de não ter perdido meses do semestre com outras coisas (como trabalhar, estar na OA, ter uma casa para gerir) para poder entregá-la agora em Fevereiro como era MINHA intenção desde o início. Para ninguém (repito: NINGUÉM) foi mais difícil tomar a decisão de adiar a sua entrega e conformar-me com essa como sendo a única solução dadas as circunstâncias do que para mim! Só eu sei o que isso implica para mim e quais as consequências.

Mas continuando a conversa interessantíssima.

- Essa é uma pergunta ridícula. Se eu já tivesse acabado acha que entregaria só no próximo semestre?
- Ah mas já decidiste?
- Sim, já lhe tinha dito. (há que tempos que já tinha conversado sobre isto com ela, pessoalmente, com calma, tentando explicar tudo (mesmo ela não fazendo por merecê-lo) mas de nada serviu pelos vistos porque mais uma vez lhe entrou por um ouvido e saiu por outro a mil).
- Pois, tu deixas sempre para a última da hora. Agora vai adiando outra vez e não a faças.
- Acha que eu fiz de propósito ou que eu queria ter de adiá-la?
- Não estou a dizer que fizeste de propósito ou quiseste mas a verdade é que a vais sempre adiando. Porque vais fazendo outras coisas que podias deixar de fazer... Sempre tiveste esse "vício" de adiar as coisas e deixar tudo para a última hora, até te dares mal. (e o que sabe ela de MIM?!)

A partir daqui só lhe disse que sim a tudo o resto, deixei de ouvir. Até que lhe perguntei se estava melhor, já que tem andado adoentada também. Ela respondeu que estava igual mas nem se dignou a perguntar-me a mim o que quer que fosse sobre eu estar doente ahahah.

O pior é que uma pessoa que, apesar de ser minha mãe, não se preocupa verdadeira e realmente comigo (nem com ninguém além dela, Deus me perdoe!), não acompanha os meus medos, dificuldades, preocupações, derrotas e frustrações...no fundo, que não está verdadeiramente presente na minha vida (nem faz por isso, porque não sabe o que isso é!) tem o poder de me deixar de rastos com este tipo de atitudes. Afinal o que lhe interessa a ela? Diz estas merdas só para me dar lições de moral quando não tem legitimidade nenhuma para isso? Para dar exemplo é preciso sermos algum ("À mulher de César não basta ser séria, tem de parecê-lo" e ela nem uma coisa nem outra!).  Devo ser mesmo uma merda.


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