terça-feira, 28 de junho de 2016

Quatro anos de nós


Hoje fazemos quatro anos de namoro. Ainda no sábado, a falar do assunto, fiquei quase convencida que faríamos cinco anos. Mas não são quatro. Apesar de nos conhecermos há mais de 5 anos, começámos a namorar somente há 4. 

Dia 28 de Junho será sempre uma data especial para nós. Ainda me lembro de tê-lo deixado ir, a medo, sozinho ao centro da cidade onde eu estava de Erasmus porque ele mo pediu. Sabe-se lá como, ele apareceu-me a meio da avenida principal daquela cidadezinha italiana que ficou no meu (nosso) coração, com uma rosa em punho, um coração de pano e a derradeira pergunta (pela qual eu, naquela altura, já ansiava): "aceitas namorar comigo?". Até hoje não sei como ele se conseguiu explicar à florista já que ele não falava italiano e essa é a única língua que aquela gente falava e entendia. Deve ter sido tudo à base de linguagem gestual, adorava ter visto.

A verdade é que hoje somos já muito diferentes daqueles dois que éramos há quatro anos atrás. Muita coisa aconteceu, muita coisa mudou, já aprendemos muito, já vivemos muito, já fizemos muitos planos e sofremos muitas desilusões mas, o mais incrível, é que ainda temos muito mais para viver, para gozar, para sofrer, aprender, rir, chorar e ganhar. A vida é uma caminhada, já me convenci disso, o que conta é o percurso que fazemos e o que aprendemos, perdemos e ganhamos com ele. Por isso é que acho tão importante, embora não seja fácil, nos lembrarmos do nosso caminho, termos sempre presente aquilo por que já passámos, por isso permite-nos relativizar o que não tem tanta importância e valorizar o que deve ser valorizado.

Quantas vezes ao olhar para trás não vejo a diferença abismal entre o meu eu de agora e o meu eu de há quatro anos? Quantas vezes não penso que não conseguirei superar alguma coisa do meu dia-a-dia e vou buscar forças para isso quando me lembro daquilo por que já passámos. Juntos é mais fácil no sentido em que temos alguém a quem recorrer, com quem partilhar, quer os nossos medos, quer as nossas angústias, quer as nossas conquistas, quer as nossas alegrias. Juntos é mais fácil chegarmos onde queremos porque são dois a trabalhar para o mesmo. Juntos torna-se mais fácil suportar as dificuldades porque há sempre outra pessoa que percebe o que sentimos, que nos conhece e faz um esforço por compensar o que naquele momento nós não conseguimos dar.

Construir uma relação não é, contudo, coisa fácil. Se já é um desafio aturar-mo-nos a nós mesmos, como é que não será um desafio muito maior vivermos com outra pessoa? Tem de ser mais do que um desafio, é uma prova de constante superação! São dois feitios, duas cabeças, duas mentalidades, duas vontades e dois seres que se têm de alinhar para conviverem todos os dias. Não pode ser assim tão simples. Exige dedicação, empenho, alguma cedência de parte a parte, compreensão, respeito e muito amor. Não é por acaso que ponho o amor no fim da frase. Para estar com alguém, para construir um futuro ou uma vida com outra pessoa, não basta amá-la. É muito mais complexo do que isso. 
E se já é suficientemente difícil e raro encontrarmos alguém que nos ame como nós a amamos, então ainda mais é que ela queira o mesmo que nós, que tenha os mesmos princípios, valores e desejos. Só podemos sentir-nos muito abençoados por ter-mo-nos um ao outro nas nossas vidas, por podermos construir a nossa. E é disso que nos temos de lembrar, em cada dia difícil, em cada obstáculo, em cada problema e dificuldade. É por isso que temos de agradecer, cada dia, por nos termos um ao outro.
E assim o "tanto" e o "tão pouco" andam sempre de mãos dadas, como dois namorados. Daí se retira também a lição do relativizar e valorizar. Por vezes o tempo a que estamos juntos parece-me tanto e ao mesmo tempo tão pouco quantitativamente. Porque, apesar de serem apenas quatro anos, sinto que já vivemos e partilhámos, superámos e conquistámos tanto! E ao mesmo tempo, apesar de parecer tanto, se Deus quiser, ainda nos falta tanto por alcançar e viver lado a lado. E o que são quatro anos diante de uma vida inteira partilhada com quem amamos?

5 comentários:

  1. Não tenho a menor dúvida que amor, só por si, não chega. E eu sou uma eterna romântica! Mas se já para um namoro dar certo é preciso tão mais do que o amor (vontades, desejos, objetivos partilhados, compreensão, respeito, cedência, etc etc) então para viver com a outra pessoa deve ser ainda mais necessário tudo isso e mais ainda. Não vivo com o meu namorado ainda, mas já estamos juntos há mais de 9 anos e sei bem que a ideia de amor e uma cabana não é real. E depois também tenho essa sensação de que parece pouco tempo e muito tempo ao mesmo tempo.

    O mais importante é as pessoas quererem o mesmo e trabalharem de igual forma para o sucesso da relação. É meio caminho andado :)

    Também tenho dias em que penso que sou incrivelmente sortuda não só por ter encontrado alguém que me ame como eu o amo, mas também por partilharmos tanto. Porque sim, eu acho mesmo que é uma bênção que a pessoa que gostamos goste de nós e ainda por cima queira as mesmas coisas que nós. Acho tão raro! Somos as duas umas sortudas! :) Parabéns a vocês! E o casamento que se aproxima a passos largos! Só têm motivos para festejar.

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