terça-feira, 15 de novembro de 2016

A história repete-se

Já me tinha esquecido da vergonha que é a oferta de empregos na minha área.


Querem pessoas com todas as habilitações e mais algumas, com imenso sentido de responsabilidade, muito produtivas, com alguma experiência, que se revelem profissionais de excelência e rigorosos, que tratem de coisas que implicam esforço, dedicação, autonomia, independência e decisões importantes e oferecem-lhes 500€. Sim, quinhentos euros!
Eu continuo a achar isto vergonhoso e por mais que me custe, enquanto me for possível não me sujeitarei a isso. Para ganhar 500€ (que nem será 500€, serão no mínimo 530€, correspondente ao ordenado mínimo), prefiro ir para uma loja de roupa ou supermercado. Afinal, para quê esgotar-me, assumir responsabilidades que não me dizem respeito e ser sujeita a um ambiente duvidoso, só porque é na área de estudos que escolhi, por 500€?!?!

Há dias quando contei ao meu pai o que me ofereceram numa entrevista a que fui ele respondeu-me todo indignado "Mas isso é para trabalhar num supermercado ou quê!?!"

11 comentários:

  1. Entendo a frustração! Concordo que os trabalhos qualificados, que exigem grandes responsabilidades e inúmeras horas de trabalho tenham que ser bem recompensados. E não faz sentido um advogado, no caso, ganhar o mesmo que uma pessoa que trabalhe numa loja. Bem via quando trabalhava na loja, a minha chefe estava naquele cargo há menos de 2 meses quando entrei e já tirava mais de 1000 euros limpos, fora comissões de vendas. Depois olhava para os meus amigos que já trabalham na área de estudos a ganhar 800 euros (e que, comparativamente com outros colegas, até estavam a ganhar bem). É uma injustiça. Não quer dizer que as pessoas que têm cursos superiores são melhores do que as outras e devem, por isso, ganhar mais. Aqui o que está em causa é que andamos a estudar anos a fio para nos qualificarmos para profissões "de topo" mas depois ganhamos o mesmo ou menos do que pessoas que, na maior parte das vezes, nem fizeram a escolaridade obrigatória e têm trabalhos "mais fáceis" que exigem muito menos deles. Está certo que trabalhar numa loja pode ser muito mais cansativo e absorvente do que um trabalho das 9 às 5, numa secretária, mas a responsabilidade, a exigência, nem se compara. Essas coisas têm que ser pagas!

    Contudo, também entendo que por vezes precisamos pensar a longo prazo e bem sabemos que não é razoável começar um emprego a ganhar logo como se estivéssemos no topo da carreira. Há que fazer esse investimento inicial. Mas 500 euros é uma vergonha. Ainda assim, somos obrigados a aceitar, se queremos entrar no mercado de trabalho.

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    1. Exatamente. Eu já tive muitos trabalhos fora da minha área de estudos por isso sei o que é trabalhar em lojas, em restaurantes, etc. Não é desvalorizar esse trabalho, longe de mim! E concordo que não se deve começar logo a ganhar imenso, até porque deve ser premiado o esforço, a evolução e o investimento, gradualmente.
      O que é desmotivante é o ridículo de nem um ordenado mínimo quererem pagar a alguém que querem com todos os estudos e mais alguns (que custam muito caro e exigem tanto)! Enfim... infelizmente é como dizes, muitas vezes as pessoas são "obrigadas" a aceitar estas condições vergonhosas...

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    2. P.s. Mas uma coisa também é verdade: se oferecem este tipo de salário é porque há pessoas a aceitar. E se queremos que as condições se alterem, temos de bater pé no que nos for possível e não concordemos!

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    3. Acho que é uma "sorte" encontrar o horário das 9 às 5. A mim propunham-me "se necessário das 9h às 10h da noite"... No melhor cenário, nunca sair antes das 19h!

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  2. É triste infelizmente :/

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  3. Quando vi os 500 euros fiquei surpreendida! A única vez que me ofereceram dinheiro foi para ganhar x euros à peça que fizesse, cerca de 15 euros acho eu, mas já n me recordo do valor.
    Diziam cheios de si "vocês é que deviam pagar-nos por vos estarmos a ensinar". Ora bem já terminei a licenciatura em 2013 e em 2016 sou a preguiçosa da família que nunca trabalhou.
    Trabalhar a troco de vento? N obrigada! E alguns ainda queriam que pagasse as deslocações que fizesse em trabalho do meu bolso!
    Penso tal e qual como tu.
    Infelizmente os meus pais n pensam como o teu pai e acham muito bem que eu me sujeite porque tem de ser, a ganhar 0 euros por mês. Zero! Imagina se me oferecessem 500, acho que me faziam um ultimato.
    Tens muita sorte em ter pais compreensivos :)

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    1. Eu já não me candidato para "estágios" não remunerados. É uma autêntica exploração.
      E tens razão, muitas vezes os primeiros tempos temos de nos "sujeitar" a não ganhar nada para ter alguma experiência e para cumprir o estágio a que a Ordem profissional nos obriga (com todas as suas exigências e esquesitices). Neste momento estou a acompanhar o trabalho do meu patrono, a custo zero para ele, porque é uma situação excepcional em todos os seus contornos (o que não faz com que eu não espere que ele um dia me faça uma proposta profissional!). Ainda assim tenho procurado outras alternativas porque não quero ficar sem saber o que há no mercado, como é que as coisas funcionam, com o que posso contar, mas não quero aceitar um trabalho que não me satisfaça a nível nenhum só para ganhar 500€ e estar desejosa de me vir embora ao fim da primeira semana. Pode ser difícil de entender mas é assim que penso.
      Espero que encontres algo de jeito em breve. Beijinhos

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  4. Se pro um lado te entendo por outro também acho que ficar em casa não é solução. Podes sempre aceitar esses empregos para ganhar experiencia e ir procurando outra coisa melhor. Também sou licenciada e estive desde 2011 a 2013 em casa desempregada. Em 2013 comecei a trabalhar na têxtil como comercial e sim, comecei com 500€ ao negro durante 1 ano. Depois disso fiz o estágio profissional e ai ganhava um pouco mais porque assim eram obrigados. Nos dias que correm já mudei de empresa e estou a ganhar mais, mas comecei por baixo. Ás vezes é preciso ir pelo caminho mais longe.

    Claro que não concordo com os ordenados que são praticados com os licenciados mas também não me parece que ficar em casa vá resolver algum a coisa, até porque haverá sempre alguém que terá que se sujeitar a estes ordenados.

    Boa sorte e espero que encontres rápido alguma coisa na tua área.

    Beijinhos :)

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    1. Concordo! Ficar "em casa" não é nada bom - porque te sentes inútil, porque não evoluis nem ganhas experiência alguma. Eu neste momento estou no escritório do meu patrono - a minha ordem profissional obriga-me a fazer um estágio com contornos, no mínimo, exigentes e quase que nos empurra para estas situações. As circunstâncias fazem com que eu não esteja a ganhar nada lá, embora colabore, seja acompanhada, me expliquem as coisas e me deêm oportunidade de aprender e ter contacto com a realidade prática. Isso é valiosíssimo!
      Ao mesmo tempo, tenho tenho procurado outras alternativas porque não quero ficar sem saber o que há no mercado, como é que as coisas funcionam, com o que posso contar, se tenho perspectivas de conseguir algo que me realize mais ou me deixe mais satisfeita...
      Só não quero aceitar um trabalho que não me satisfaça de maneira nenhuma, só para ganhar 500€ e estar desejosa de me vir embora no fim da primeira semana. Pode ser difícil de entender mas é assim que penso neste momento.
      É que eu já tive uma experiência em que ganhava 500€, tinha um trabalho da treta, ainda que "na minha área", era mal tratada e estava num ambiente muito duvidoso que me afectou de tal maneira que tive repercussões na minha saúde :/ (vim-me embora logo que pude, tá claro, mas é uma situação incómoda, que ninguém gosta que aconteça - ter de se vir embora de um trabalho ao fim de pouco tempo porque não correu bem para si).
      E tens toda a razão, se eu tiver perspectivas de crescer em algo que seja motivador para mim, não tenho problemas em começar por baixo ou a ganhar menos (ou não estaria no escritório onde estou sem ganhar nada), porque faz parte e até nos incentiva a melhorar.
      Obrigada pela tua partilha :) Um grande beijo

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  5. É complicado de facto. Choca-me especialmente essa discrepância entre ordenados...

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  6. A verdade é que há pessoas a ser obrigadas a aceitar esses ordenados e a ser fortemente exploradas, enquanto for assim...Nunca sairemos deste marasmo. Felicidades

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Obrigada pelas tuas palavras!

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