sexta-feira, 4 de maio de 2018

"Temos que combinar"

Serei só eu a conseguir a proeza de passar demasiado tempo sem ver pessoas que me são queridas?
Não moramos muito distantes - chega a ser ridículo morarmos a 10 minutos e passarmos mais de um ano sem nos encontrarmos - e ainda não temos crianças mas ainda assim, é assustador perceber como o dia-a-dia nos consome. Não há volta a dar, temos de nos conformar que se trata de uma opção. Optamos estar ou não estar com determinada pessoa porque isso é mais ou menos fácil, é mais ou menos desejado, etc. Não há forma, o tempo não dá para tudo e nós acabamos por fazer escolhas, por isto ou por aquilo, por este ou aquele, por assim ou assado. Tem de ser!
O famoso "temos que combinar" que se vai arrastando indefinida e injustificadamente mas que tarda em ser consumado porque não "temos tempo" para nos dar ao trabalho de conjugar vontades e vermos aqueles que nos são queridos. Só há uma solução: conformar-mo-nos com não nos ser possível fazer mais do que fazemos, não conseguirmos estar com aqueles de quem mais gostamos tanto quanto gostaríamos e sempre que haja oportunidade encontrar-mo-nos.


Esta semana estive com a T. que mora a 10 minutos de mim mas que eu não via desde o meu casamento (não tarda já se passou um ano e meio!!!!). É uma amiga querida, que tem uma vida profissional ocupada e muitas vezes está até fora do país mas...nada justifica tal ausência não é? Combinámos um jantar na casa da S. que apesar de morar mais longe, não mora a uma distância assim tão grande que justifique não estarmos juntas. Enquanto conduzia para conhecer pela primeira vez a casa que comprou com o noivo (!!! Sim, casa-se este ano!) há quase meio ano dei comigo a pensar "não é assim tão distante, bem que nos podemos dar ao trabalho de nos juntar mais vezes".
Por outro lado, existe uma série de outras pessoas que me são queridas e que nem estão assim tão longe mas que eu não vejo há demasiado tempo pelas mesmas razões - porque o tempo não estica, não dá para tudo e por isso temos que optar.
A vida é mesmo assim, os dias desaparecem, as nossas obrigações quotidianas já são tão exigentes que nos absorvem a maioria do tempo e da energia. Se estamos sozinhos ainda fazemos um esforço para estarmos com os outros mas se estivermos numa relação então dá-nos muito mais trabalho conjugarmos tudo para ainda estarmos com uma terceira pessoa (afinal passamos a ser dois em jogo, são as obrigações de cada um e do casal, as famílias, os casais de amigos em comum...enfim, um sem número de desculpas e razões). É um equilíbrio desafiante esta coisa de estarmos ou não estarmos, de nos juntarmos, de nos empenharmos e nos darmos aos outros (ao mesmo tempo que nos damos a nós mesmos).

A maior riqueza? Conseguirmos estar com alguém especial passado demasiado tempo e parecer que não passou tempo nenhum, que nada mudou entre nós, apesar de tudo estar mudado. Essa é a verdadeira bênção!

4 comentários:

  1. Tão verdade ! Infelizmente estes são os novos dias da escravidão... não temos tempo para nada e isso depois prejudica totalmente a nossa vida familiar e as amizades são totalmente "escolhidas" porque a verdade é que não temos tempo para tudo.

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  2. Por vezes a rotina tem dessas coisas ( ... ) também ando há que tempos para marcar uma saída com umas amigas e sinto que nunca mais .

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  3. Revi-me tanto neste texto... e tenho muita pena disso!

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Obrigada pelas tuas palavras!

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