quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Só não vê quem não quer ver

Não gosto de pessoas que só veêm o que querem ver. Ultrapassa-me. Não gosto de ideias pré-estabelecidas, teorias pré-concebidas, estáticas nem de conceitos imutáveis. Causam-me urticária. Não me faz sentido quanto a um tema em particular, muito menos quanto à vida em geral. Acredito mesmo que as pessoas que só veêm as coisas assim não ganham nada com uma postura dessas perante o que lhes possa acontecer. Não tenho paciência para discussões sem nexo ou qualquer utilidade, pura e simplesmente, porque uma das partes não percebe ou não quer perceber (simplesmente) o que lhe estão a tentar dizer, expor, partilhando a sua opinião. Não faz sentido alimentar qualquer diálogo com pessoas que vejam assim o mundo porque só nos faz sentir frustrados e que estamos a perder tempo, inutilmente, não levando aquela (ou qualquer outra conversa com alguém assim) a lado nenhum porque, simplesmente, não são capazes de ver ou ter conhecimento de uma posição diferente da que defendem. Seja no que for, onde for e como for, há-de existir sempre alguém por perto com uma opinião diferente da nossa. E por mais difícil que seja compreendermos a posição do outro, no mínimo, só nos faz bem (enquanto seres humanos) ter conhecimento das posições distintas que nos rodeiam, que existem. Ou estou enganada?
Para mim não dá nem vale a pena falar com pessoas que parecem ter uma pala em cada lado do rosto, que só lhes permitem ver o que está à sua frente, a sua posição ou aquela que adoptam. Torna-as pequenas, torna-as menores em espírito, o facto de não serem capazes de decompor as suas concepções, de as desconstruir para conseguirem aceitar a existência de outras (completamente opostas ou meras variações). Às vezes pelo simples facto de se tratar a mesma coisa por nomes diferentes faz com que discordemos de alguém, quando, se conversarmos e estivermos abertos a ouvir o que pensa o outro, podemos acabar por chegar à conclusão de que, afinal falávamos do mesmo apenas com nomes diferentes ou que estávamos ambos a dizer ou defender a mesma coisa quando à partida se pensava serem opiniões contraditórias e incompatíveis, que entendem sempre como "ataque" qualquer posição divergente. Tenho pouca paciência para quem só vê o que quer ver, não é capaz de aceitar uma opinião diferente, não faz o mínimo dos mínimos esforços para sequer compreender (em oposição à mera leitura - porque muitas vezes o problema é de compreensão como aquela distinção entre ouvir e escutar/ver e olhar ou "ver com olhos de ver") o que nos estão a transmitir e se acha o "defensor dos oprimidos" por defender teorias que vão contra os "maus da fita" recusando-se a ver o que quer que seja à sua volta.

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