terça-feira, 14 de abril de 2015

Sinto-me eu a mãe e ela a filha

A minha mãe continua a preocupar-me e já não sei o que (lhe) faça...


Ontem voltou a fazer-me das suas, como aliás já se esperava depois da sua última aventura. Estive em sua casa para lhe deixar comida, tendo-lhe ligado antes a avisar. Cheguei à sua porta e não mais me atendeu o telemóvel, antes desligou-o, não abriu a porta, apesar de eu ter tocado à campainha e batido à porta várias vezes e até o telefone de casa, para onde liguei não atendeu.
Tive de voltar a casa a deixar as coisas porque tinham de ficar no frio senão estragavam-se e só depois pude ir à minha vida. 
Quando estava a chegar a casa para deixar as coisas recebi o aviso de que o telemóvel já tinha sido ligado mas ela não me ligou de volta. Eu acabei por ligar-lhe porque estava, mais uma vez, preocupada com o que pudesse ter acontecido já que não me parecia lógico nada do que se passara nem conseguia imaginar uma razão ou explicação, nada daquilo fazia sentido. Mas não me atendeu.

Passadas cerca de duas horas é que me ligou a perguntar se eu lhe tinha ligado. Quando lhe disse que tinha ido a casa dela e que não me atendeu o telemóvel disse-me que não tinha dormido nada de noite e só tinha adormecido de manhã e por isso estava a dormir. "Mas falou comigo. E eu disse-lhe que ia passar em sua casa!" (disse-lhe eu). Ao que me respondeu "Eu devia estar mesmo passada. Desculpa. Estava a dormir". E eu pergunto-me: como é que isto é possível? Não faz sentido nem cabe na cabeça de ninguém! Mas é real, aconteceu mesmo.
Acabou por ir ter comigo ao final da tarde mas, como sempre, agiu como se nada tivesse acontecido. Mas deixou escapar que tinha estado a ver um programa de manhã, perto da hora de almoço (que coincide com a hora a que lá estive ou pouco depois), o que contradiz totalmente o que disse ter acontecido.

Hoje (supostamente) foi a uma consulta de medicina geral onde deveria pedir para ser seguida por um terapeuta que a pudesse ajudar mas segundo me contou a médica que a atendeu receitou-lhe nova medicação (anti-depressivos) e comprimidos para dormir a ver se melhorava assim. As coisas não se vão resolver assim! Como é que um profissional de saúde prefere prescrever medicamentos (que causam dependência) sem sequer tentar saber (nem digo resolver!) qual o problema de fundo!?!

Não é capaz de ver o que a rodeia ou olhar para dentro de si e reflectir sobre o que está errado com ela. Está sempre tudo errado com tudo e todos menos com ela. Ela é sempre a vítima e todos os outros os vilões malvados. Ela nunca é responsável e culpa é coisa que não lhe assiste. Parece uma adolescente, inconsequente e sem limites, sem noção ou consciência. Deus me perdoe mas já pensei até que a única solução para ela seria interná-la para poder ser acompanhada por quem seja conhecedor e capaz de a ajudar porque eu já não sou capaz de mais e ela sozinha não fará nada, porque não se consciencializa nem convence de que precisa de ajuda e tem muitas coisas por resolver com ela mesma. Mas não posso fazer nada...nem ela nem eu temos dinheiro para a tratar com especialistas por isso o único recurso ao alcance é o SNS neste momento.

Eu não a percebo, não sei o que mais fazer e só me sinto a afundar de cada vez que estou com ela. Sinto-me incapaz, não consigo ajudar e nem sequer fazê-la ver o que está à sua volta. É uma pessoa que é muito difícil. Não se consegue fazer chegar-lhe uma mensagem porque ela não permite - só ela é que sabe, estão sempre todos contra ela (os que se preocupam de verdade) e mesmo que diga que sim ao que lhe tentamos fazer entender, entra-lhe num ouvido e sai no outro, é como se não nada lhe disséssemos. Eu sei que ela é minha mãe e que eu devo fazer alguma coisa mas se por um lado não sei mais o quê ou como, por outro sinto que ela só me faz mal por me deixar num estado constante e permanente de inquietude e angústia. E não é só a mim! Vejo-o na minha avó e na minha tia também e o que mais me aflige é que ela não consiga ver isto e finja que está tudo bem e nada se passa. Não sei se está a tentar enganar-nos a nós ou a ela mesma.  

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