Deixei de saber se o que conheci era falso ou se apenas esta é a falsidade.
É verdade que ninguém deve, e muito menos tem de, viver no sofrimento anos e anos seguidos e perdidos de uma vida mas também é verdade (e eu nada sei desta vida) que quando se ama, pesa sempre esse amor. O amor pesa sempre quando se toma uma decisão. E sacrifique ela pouco ou muito, tem-se sempre em conta o amor que se tem.
A minha mãe, no segundo mês do ano que está a terminar, deixou aquela que sempre foi e será a nossa casa. Fugiu do casamento que a tornava infeliz e da vida que a fazia sentir-se miserável. E se a minha mãe não era feliz (há já muito tempo), eu apoiei-a. Só podia correr atrás da felicidade.
A minha mãe, virou costas ao meu pai, à terra que a acolheu, à casa, ao emprego e à vida que sempre teve. A minha mãe levou algumas coisas suas, todo o ouro e dinheiro que havia em casa. Não disse nada ao meu pai. Desde então (e mais de 10meses passaram) ela voltou a falar-lhe, depois de muita insistência e a muito custo, três vezes.
A minha mãe recusa-se a falar com o meu pai e não quer dar-se ao trabalho de enfrentar a situação que se gerou e muito menos a resolver o problema. A minha mãe, ao início disse só querer o divórcio e nada mais material. Mas mudou de ideias (supostamente porque o meu pai não aceitou logo assinar o divórcio) e, depois de querer também o valor da casa, agora também quer o valor do recheio da casa e dos carros estando disposta a ir para tribunal para obter "aquilo a que tem direito".
O meu pai sempre foi um pai ausente. É uma pessoa diferente: foi educado de outra maneira, nunca teve carinho ou proximidade com os pais, assim fez connosco. Teve outra educação que nos quis impor ao longo do nosso crescimento e nos custou muitas tristezas e frustrações. Nunca nos faltou nada mas o nosso pai nunca foi muito presente. Viveu sempre muito alheado das nossas vidas, sem mostrar grande interesse ou preocupação com as "nossas coisas".
A verdade é que, o que sinto é que, nenhum dos dois foram pais verdadeiramente presentes. Não os culpo. Eram muito novos, tiveram de trabalhar imenso para nos darem tudo o que tivemos e hoje temos, para conseguirem alguma coisa na vida e nunca nos faltar nada. Podia ter sido de outra forma mas não foi.
Depois da minha mãe se ter ido embora mudou completamente comigo e com a minha irmã: deixou de ser a mãe interessada e preocupada connosco e com tudo o que se passava nos nossos dias. Deixou de ligar, de perguntar ou querer saber. Fez-me passar por coisas horríveis e nojentas que nunca pude imaginar, nem nos meus piores pesadelos. A minha mãe deixou de ser a mãe que sempre conheci.
O meu pai passou uma fase má, nos primeiros meses em que agiu mal, estava revoltado, perdido e sem conseguir compreender ou aceitar. Continuou a não deixar que nos faltasse nada. Passou a interessar-se e preocupar-se como nunca antes. O meu pai mudou.
Tenho tentado não tomar partido. Temos sido empurradas, por um e outro, para aqui e acolá. Por mais que não o queiramos tem sido difícil manter-mo-nos longe de todo o emaranhado de mentiras, omissões e problemas.
Ambos mudaram. Não sei se mudaram verdadeiramente, se é a sério ou se são genuínas as mudanças de um e de outro. Só sei que a minha mãe me (nos) magoou imenso com toda a atitude que tem tido desde que se foi embora de casa. Mais sei que estou farta de tudo o que temos passado por não resolverem a questão do divórcio de uma vez por todas. Não aguento mais sermos julgadas por tudo e por todos quando não temos nada a ver com isto.
A minha mãe não abandonou só o meu pai, a casa e a vida que tinha. A minha mãe deixou também as filhas. Por muito mal que ela passe não consigo compreender como é que uma mãe (que eu não sou nem sei se serei algum dia, mas imagino) é capaz de fazê-lo às filhas que diz amar.
Não consigo sequer imaginar essa situação e todo o sofrimento por que têm passado. Não tomes partidos, segue apenas os impulsos do teu coração!
ResponderEliminarMuita força sim?
Beijinho