Primeiro que terminasse a licenciatura tive de superar uma verdadeira prova de obstáculos e corri contra o tempo para acabar o curso dentro do previsto para qualquer aluno. Quando finalmente terminei a licenciatura a minha preocupação foi com o mestrado - se entraria, se não, como seria. Quando lá fui aceite no mestrado que escolhera, as aulas começaram mas a minha vontade de trabalhar e o estar tão cansada de estudar fizeram-me precipitar e procurar logo emprego. Estava a afligir-me não saber se conseguiria alguma coisa. Consegui e comecei a trabalhar mas depressa cheguei à conclusão que tinha de terminar as aulas primeiro e só depois poderia pensar em dedicar-me ao trabalho. Mais uma vez, achei que poderia conciliar o trabalho, uma qualquer espécie de vida e a elaboração da tese. Mais uma vez me enganei. Estive um mês de volta àquele primeiro trabalho e foi terrível, parece ter sido um ano inteiro. Fiz um trabalho de arquivo, que nada tinha a ver com a minha área na verdade, estava desmotivada, passava imenso tempo lá porque o horário é bastante preenchido, chegava a casa muito cansada e sem vontade de fazer nada, tinha de fazer alguma coisa em casa (já que não moro com os meus pais e o meu homem também trabalha) e a tese ficou completamente abandonada. Decidi que só podia desistir daquele trabalho quando a minha saúde teve uma recaída. Não foi fácil tomar aquela decisão e isso também me afectou muito, o ter de admitir que falhei, que não estava à altura e enfrentar as consequências disso. Quando finalmente saí de lá senti uma verdadeira sensação de alívio mas durou pouco. O tormento e a ansiedade sobre o meu futuro aumentaram porque queria inscrever-me na OA e não tinha patrono. Foi uma aflição e durou até ao último minuto mas consegui, nesse último minuto, quem me orientasse e aceitasse ajudar-me, apesar de tudo. Pelo meio meteu-se o meu primeiro Natal fora de casa e a dor que isso me causou - podem desvalorizar e eu própria não sei porque aconteceu assim mas a mim doeu-me tanto estar longe do que sempre conheci numa época como aquela e marcou-me negativamente, infelizmente. Depois dessa corrida contra o tempo voltei novamente a preocupar-me com a tese. O prazo previsto para a terminar estava mesmo a chegar e eu não tinha forma de conseguir terminá-la a tempo. Mais uma vez, não foi fácil mas tive de lidar com as consequências dos meus actos e admitir que tinha falhado (e como custa saber que somos responsáveis pelo que não fizemos!). Depois de muito me martirizar tive de assumir a prorrogação do prazo porque não havia alternativa. Entretanto, chegou o fim da formação e vieram os exames da OA. A pior semana de sempre. Não me lembro de ter passado por dias tão difíceis, com tanta pressão e a sentir-me tão impotente. Passou, até hoje aguardo os resultados. Fomos a casa na Páscoa e isso soube tão bem! Agora a tese de novo, voltei a andar às voltas com ela, a deixá-la para último plano e a inventar mil e uma desculpas para não me dedicar a ela como era minha obrigação. Fui falar com o orientador e com outros professores e descobri que tinha de alterar o rumo da coisa a três semanas do prazo de entrega ao orientador para correcção. Com isso, faltava-me (e ainda falta) tratar uma série de coisas. Tenho tentado dedicar-me a ela mas sei que não o faço como deveria. Passo dias inteiros a pensar que tenho de fazê-lo mas não o fazendo. À noite obrigo-me a fazer qualquer coisa e até faço mas não é o suficiente e continuo atrasada e a carregar este peso. Terminou ontem o prazo de entrega ao orientador para correcção. Ele disse-me, da última vez que lhe falei que eu poderia entregar um mês depois e isso é bom para mim mas ao mesmo tempo implica que eu perca as férias que poderia ter. Por isso, a minha intenção é, apesar do prazo mais alargado, tentar terminá-la e entregar-lha antes do fim do mesmo (que é de ontem a um mês). Não sei se conseguirei e embora queira muito. Não basta querer, tenho de fazer por isso mas às vezes não tenho forças (vezes de mais)!
Agora ainda espero pelos resultados dos exames da OA, tentado ignorar que serão decisivos para o meu futuro, não pensando neles. E a tese...essa tenho de entregar, seja como for, esteja como estiver, neste verão porque já adiei esta fase tempo de mais e sinto que estou precisamente a adiar a minha vida por causa disto. É terrível esta sensação de estarmos parados, de não avançarmos porque estamos presos a algo que nos detém e que já deveria ter sido arrumado. Quando penso que já passou um ano desde que terminei as aulas e isso parece-me ter acontecido há tanto tempo dá-me um aperto no peito. Esta não sou eu. Muita coisa se passou neste ano, muita coisa aconteceu nos últimos tempos mas, ainda assim, não aconteceu tudo o que poderia ter acontecido e a responsável por isto sou só eu. E não vale a pena lamentar-me, que isso de nada serve nem muda nada. Só vale a pena trabalhar e esforçar-me como é meu dever.
Estão coisas de mais em jogo para eu continuar a permitir-me ficar parada a vê-las flutuar (e quem sabe até deixá-las afundar-se).
essa sensação é-me tão comum. Então agora, que terminava ontem o prazo de entrega da primeira fase e só vejo posts do facebook dos meus colegas com as suas teses prontas... O meu objetivo era entregar ontem, mas a um mês e meio do prazo a orientadora decidiu que tinha que ter uma amostra maior que nunca conseguiria a tempo. Via ficar para a segunda fase, o que me altera todos os planos. E eu odeio esta sensação de deveres inacabados, todos os dias ali a fazer pressão, a lembrar-me que tenho isto para fazer. Odeio isto!
ResponderEliminarO importante é que no final de tudo consigas fazer um bom trabalho e que te sintas orgulhosa de ti. O resto depois fica no passado!
ResponderEliminarEh pá deve ser lixado, venha quem vier!
ResponderEliminarSim é um sonho e um futuro, mas ter tempo para tudo e mais além é difícil.
Mas vá, pensa que vais conseguir, a dedicação conta muito e é um mês de esforço. Depois será o alívio.
E acredito que os resultados vão ser bons :) A torcer muito!
Também tenho muitas vezes essa sensação, que a vida me está a passar ao lado, como se eu já devesse estar num sitio e que ainda não consegui lá chegar. Tal como tu tenho a tese para entregar e tal como tu tenho a O.A toda pela frente. Vivo longe dos meus pais, trabalho e ainda trato da minha casa. Não é fácil. Muitas vezes tenho vontade de largar tudo. Parece que nunca mais acaba a provação e que cada vez as coisas se tornam mais difíceis. Espero que consigas entregar dentro do tempo e que recebas bons resultados dos exames. Quando estiveres mais em baixo lembra-te que apesar de tudo és forte e que um dia vai tudo compensar. Melhores dias virão.
ResponderEliminarGosto muito de ler o que escreves.
Beijinhos
Como eu te percebo...!! Estou a fazer a minha também, e por uma série de razões e de acontecimentos, estou atrasada... muito atrasada! Os meus colegas já terminaram há que tempos, eu já devia ter entregue isto há pelo menos um ano... mas ainda não o fiz. É terrível a sensação de ter falhado, de não ter conseguido cumprir os prazos que deveria, e também essa sensação de que não estou a conseguir agarrarar-lhe com a determinação que provavelmente deveria para terminar isto o mais depressa possível. Não me tenho reconhecido nestes últimos tempos no que a isto diz respeito e sinto este peso em cima, esta estagnação, este não conseguir avançar... e sei que a culpa é minha, é de não ter ainda terminado isto. Mas está difícil... muito difícil.
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