sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Uma noite em Mafra


Ontem, depois das aulas, lá para as 19.30h ou mais, saímos da faculdade. Éramos três caloiras, dois colegas meus de turma e mais um amigo deles que eu já conhecia. Fomos de carro até Mafra, pelo caminho apanhámos outro colega nosso de turma, meu amigo e fomos às compras para o jantar (e bebida claro). O plano era jantarmos na casa do D. e ficarmos por lá a noite toda a beber, ver filmes, conversar... de manhã saíamos cedo e íamos à aula das 9h que tínhamos.


A casa era fantástica, o espaço era bom e estava-se mesmo bem.
Depois de jantarmos pizzas e lasanhas, fomos para o quintal, numa noite fantástica, nada fria, mesmo agradável, com o céu limpo. No balançar da rede que ele lá tinha eu quase adormeci. Estava a beber e, quando me fui levantar de lá, o chão ia fugindo debaixo dos meus pés.


Às tantas eu estava a partilhar a rede com um dos meus colegas de turma (o FD) com quem me estou sempre a picar, é um "mete-nojo" que faz questão de parecer arrogante para toda a gente e andar sempre "mal humorado" e de nariz empinado a achar-se melhor que os outros - na verdade, lá no fundo é óptima pessoa, aquilo tudo é só uma mascara como aquela que eu também ponho para a plateia sociedade.
Tinha um palpite mas, ontem, confirmou-se que tinha razão, ele é muito parecido comigo. Aliás, entende as minhas meias palavras, motivos e razões para ter atitudes que ninguém compreende porque é como somos e como nos defendemos do exterior.
A nossa conversa começou por ser a mesma de sempre, a mandarmos vir um com o outro mas acabámos por, não sei como, falarmos do que e como somos e de constatarmos muitas semelhanças, demasiadas.
Ele acabou um namoro de 6anos há cerca de um mês e está muito magoado (eu já sabia antes disto) e é um ano mais velho que eu. 


Quando me dei conta estávamos praticamente sós naquele quintal, na rede que baloiçava e a falar um com o outro de coração aberto, sobre tudo - sob um céu negro de estrelas. O álcool também ajudou muito a "desprender" a língua mas nós estivemos sempre perfeitamente conscientes de tudo.
Entre sorrisos e conversas sérias, muito confessámos e admitimos...
E veio um beijo, nem sei como, sem que eu me preocupasse muito com esse facto (quase sem dar conta do que realmente tinha acontecido) - "Tens a noção que todos os homens que estão nesta casa davam tudo para estar no meu lugar!?!". Falei-lhe do meu ex (R) e do G que ele já tinha visto quando saímos.


Depois, do nada, decidimos saltar o muro de casa do D. e passámos para a propriedade contígua, só os dois, eu de meias - lembro disso ter sido depois de um "Eu preciso que alinhem comigo nas coisas, que eu diga uma coisa e alguém alinhe comigo em fazê-lo" espontâneamente, um "pouco de loucura". E para voltarmos? Foi lindo. Já tocados e com um muro para trepar, sem força e eu descalça...mas lá passámos. Diverti-me e senti-me bem.


Às tantas eu estava a falar de coisas do coração e deixei escapar umas lágrimas, nem sei bem porquê mas relacionado com o estado interior em que me encontro depois de ter amado como amei.
Ele ficou surpreendido, acho, tentou puxar-me a cabeça para junto dele a consolar-me limpando-me as lágrimas e eu afastei-me, limpei eu própria a cara com as costas da mão e continuei a falar levando com um "Bolas! Até a chorar és forte!". Falámos de Itália, ele tem uma paixão pelo país, tal como eu. Falámos do que estávamos a sentir, ele disse-me que não conseguia chorar e que ainda não o tinha feito mesmo sofrendo imenso com o fim da relação com a namorada...enfim, mil e uma coisas.


Acabámos por ter de nos render e ir para dentro tentar dormir alguma coisa com promessas mútuas de que não nos esqueceríamos de nada daquilo e que era mesmo surreal aquela nossa aproximação.
Tentámos ir dormir para um dos quartos e deitá-mo-nos (com mais 3pessoas na mesma divisão) mas não foi fácil. Eram umas 7.30h e não conseguíamos dormir trocando beijos e amassos.
Ele, ao contrário, mais uma vez do que deixa transparecer, é muito atencioso e carinhoso e disse-me que eu o surpreendera, que já tinha uma "panca" por mim desde o ano passado mesmo me tendo achado piada logo no primeiro ano (em que era raro ele por os pés na faculdade) e que percebera que a imagem que eu transmito é apenas uma capa (tal como ele faz) - eu não me importo que me achem fútil e fácil porque não o sou e quem o quiser achar ou entender é, pura e simplesmente, porque não me conhece nem fez um mínimo esforço para tal, senão saberia...no fundo, até gosto e me dá um certo gozo isso acontecer porque pouca gente me conhece de verdade e, os que me conhecem, surpreendem-se positivamente.


Não dormimos nada (deitei-me com a camisa dele vestida), ele saiu da cama eram umas 8.30h e eu tive a sensação de que tinha dormido umas 3h quando afinal devem ter sido apenas alguns minutos em que não aguentei mais e o corpo deu parte fraca. Já não consegui voltar a adormecer mesmo, depois de nos termos levantado e ido à cozinha e ao quintal - relembrando o que tínhamos feito horas antes e parando ele para me puxar para si e beijar-me - e termos voltado ao quarto para tentar dormir alguma coisa. Desistimos, não conseguíamos e fomos comer. Depois desceram todos e começaram a comer e nós subimos e ficámos a sós no quarto até às 11h quando nos foram chamar para irmos embora para Lisboa.


Lembro-me dele me ter dito, antes de eu adormecer e em resposta a um "Amanhã fingimos que não aconteceu nada e vais continuar a tratar-me mal!?":  
"A primeira coisa que vou fazer quando acordar vai ser encher-te de beijos" e, como primeiro saiu da cama e não o fez depois relembrou o que tinha dito e redimiu-se beijando-me na altura.

Viemos todos para Lisboa, dois carros, ele veio a conduzir, tal como foi e, igualmente, eu vim no seu carro.
Quando voltámos a estar a sós (ele veio mudar de roupa a minha casa porque não teve tempo de o fazer no casa do D. e tinha assuntos a tratar ainda antes de ir para casa de fim de semana) ele voltou a puxar-me para bem junto de si e beijar-me. Repetiu-me o que me tinha dito durante a noite, "Não podemos passar muito tempo juntos." e eu perguntei-lhe porquê "Já te disse que me apaixono facilmente" - fala quem teve seis anos apaixonado pela mesma pessoa...e já não se lembra como, depois de um grande amor, é difícil voltar a apaixonar ou sequer envolver-se com mais alguém.


Não sei se nos voltaremos a envolver mas ele é tão parecido comigo que acho que não, é isso que nunca se sabe quando se está numa situação delicada e se tem medo, está-se confusos e baralhados, com o coração magoado... Sinceramente não estou nada preocupada. Fui surpreendida, não estava mesmo nada à espera do que aconteceu mas foi, no fundo, uma agradável surpresa descobrir esta pessoa que suspeitava estar lá dentro daquela carapaça rija.

5 comentários:

  1. Vieste até à minha terra!!!!
    Tem uma encanto especial ja viste ;)

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  2. Pois é, gosto muito de Mafra, é uma cidade linda!

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  3. Mal sais duma metes-te noutra. Já foi assim antes, e agora novamente. Mas com isto chegaste a uma conclusão que tanto procuravas: é impossível gostares do GT.

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  4. Bid, tens razão. Mas aconteceu, por mais que faça de mim uma pessoa horrível. Eu gosto muito dele mas não para namorar, está visto e provado. :s

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Obrigada pelas tuas palavras!

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