Pois é, no dia 17 de Março comecei a estagiar num escritório de pequena/
média dimensão na Baixa de Lisboa. Todo um mundo novo, uma nova rotina,
caras novas, tarefas diferentes e muito maior responsabilidade. Um
código de comportamento e até de vestuário, toda uma organização à qual
tive de me adaptar, a conjugação necessária com algumas coisas da
faculdade e vida pessoal (embora muito poucas porque com o tempo que
sobra muito pouco se consegue fazer). Fui muito bem recebida,
ajudaram-me e aprendi imenso. Tive sorte porque fiz muita coisa e
diversificada.
Mas para lá estar, sendo o horário de trabalho das
9h às 19h, tinha de faltar à maior parte das aulas. Ao início não me
pareceu assim tão mau, apesar de ter passado um muito mau bocado com a
entrega de trabalhos da faculdade e apresentações, defesas e tudo mais a
coincidir com a 1ª/2ª semana de trabalho, e achei realmente que era
possível conciliar tudo mas há medida que o tempo passava, cada vez mais
me viu / vejo a ficar para trás na faculdade. O mestrado está a meio,
tem de ser feito, é o meu objetivo aqui e agora. Tenho faltado às aulas,
muita matéria por ver sozinha acumulada e uma catrefada de trabalhos
por fazer para apresentar já nos primeiros dias de Maio. O volume de
trabalho no escritório, ainda para mais, começou a crescer a olhos
vistos e a falta de pessoal para dar resposta a tudo o que lá se precisa
é mais que evidente. Não está fácil conseguir orientar-me.
Além de que me custa muito não estar a 100% em nenhum sítio, nem na faculdade, nem no trabalho.
Depois
de dar voltas e voltas à cabeça, pensar e repensar, cheguei à única
decisão que podia: a prioridade é o mestrado e o trabalho/estágio tem de
ficar para segundo plano e, portanto, em suspenso neste momento.
Apesar da decisão já estar tomada há algum tempo, muita coisa ainda
era dúbia na minha cabeça e toldava a minha determinação. Foi a muito
custo que arranjei coragem para falar do assunto ao chefe (esse "bicho
papão") e a resposta que tive não podia ser mais surpreendente.
Apanhou-me completamente desprevenida e disse-me que trouxesse o horário
da faculdade que se faltava assim tão pouco tempo haviam de arranjar
maneira de eu continuar a trabalhar e conseguir fazer o estágio. Porque
estavam a gostar do meu trabalho, pensavam já em que eu fizesse ali o
estágio da OA e era "um desperdício" eu ir-me embora.
Isto quando o apanhei, por pouco, à saída do escritório, na Quarta
feira passada. Ora, na Quinta o sr não veio e na Sexta ninguém trabalhou
portanto só hoje é que voltámos a falar.
Tudo isto fez com
que eu passasse o fim de semana prolongado em verdadeira angústia e
sofrimento, sem saber muito bem o que fazer, sabendo, ao mesmo tempo,
perfeitamente o que precisava de fazer.
Por um lado tenho o mestrado para acabar, por outro, uma boa
oportunidade de trabalho na minha área, num escritório do qual gosto, a
fazer aquilo que me entusiasma, com uma equipa que me recebeu muito
bem,...enfim! Um tremendo dilema, uma verdadeira guerra armada de
indecisão dentro de mim, da minha cabeça.
Eu já devia ter aprendido com a minha experiência no
Restaurante o semestre passado mas desta vez era na minha área e,
depois de uma entrevista muito peculiar, com alguém com quem senti logo
uma empatia fora do vulgar, que me compreendeu sem me conhecer de lado
nenhum ou sequer me ter visto uma vez na vida...com uma proposta de
trabalho para começar na semana a seguir, dali a poucos dias, quando eu
estava numa fase de muita dúvida e medo de não ser capaz de arranjar
trabalho na minha área... Agora sou capaz de olhar para o que aconteceu
com algum distanciamento e percebo a minha atitude, porque muita coisa
contribuiu para ela e a minha crença de que era possível. Afinal, se não
tivesse tentado nunca saberia. Por outro lado, não fazia ideia do que
realmente me esperava e, mais uma vez, não dei importância/"ouvidos" à
minha humanidade porque, afinal, não sou nenhum ser super poderoso, qual
super heroína.
Assim, só hoje (segunda) consegui voltar a falar,
desta vez, a sós e calmamente (dentro dos possíveis que eu não consegui
evitar ficar uma verdadeira pilha de nervos), com o chefe.
Mostrei-lhe
o meu horário, disse lhe que não estava em causa o gostar o não do que
ali estava a fazer, que tinha sido muito bem recebida, que estava a
gostar imenso, que tinha aprendido tanta coisa, etc. mas que neste
momento precisava de me concentrar a 200% no mestrado porque estava a
ver-me deixar ficar para trás aquilo que é, na verdade, o meu objetivo
neste momento. Que o que me preocupava era ainda atrasar mais a parte
lectiva uma vez que posso não ser capaz de fazer as cadeiras todas este
semestre, já que, cerca de um mes e meio de aulas já perdi, sendo esta
uma época crucial de avaliações e aplicação e tendo eu tudo por estudar e
fazer... Ele ouvi atentamente, fez algumas perguntas e no final
disse-me que eu tinha primeiro, efectivamente, de despachar as aulas e
que em Junho/Julho que foi quando eu lhe disse que terminariam os
exames, lhe voltasse a ligar porque ambos (ele e o meu "orientador")
estavam a gostar do meu trabalho, já tinham reconhecido o grande
potencial que tenho, que eu sou muito inteligente e trabalhadora (que
tenho talento) e que, por tudo isso, gostavam muito de me receber para o
Estágio da OA.
Entre umas e outras perguntas e respostas, numa conversa do mais
franca e honesta possível, completamente transparente, penso e espero
que tenha compreendido a minha posição, as minhas intenções e mais um
bocadinho daquilo que sou, do meu "pano de fundo" e de mim.
Desejou-me sorte para o mestrado e disse-me que a
porta ficava aberta até Junho/Julho, altura em que esperariam o meu
contacto. Aconselhou-me a não desperdiçar oportunidades, nem o meu
potencial/talento. Eu só pude agradecer e sair daquela sala
verdadeiramente aliviada.
Agora tenho de despachar tudo o que tenho na
secretária para então me poder ir embora e dedicar totalmente às aulas.
Tenho de me deixar de mariquices. Não há tempo para cansaços. Tenho de
aproveitar o máximo que possa para descansar e trabalhar muito,
empenhar-me mesmo na faculdade. Porque agora tenho outro horizonte e
novas perspectivas.
No final de contas só posso estar contente por ter
tido a oportunidade que tive e por ter aprendido tanto, terem gostado de
mim e ter feito novos contactos e até possíveis amizades, bem como,
deixado espaço para uma colaboração futura em breve.
Obrigada Senhor aí em cima que olhas por mim (nós)!
Muito boas noticias :) OA (advogados?) É uma área tão saturada que é mesmo uma benção. Aproveita!
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