segunda-feira, 21 de abril de 2014

Estágio - mais uma aventura

Pois é, no dia 17 de Março comecei a estagiar num escritório de pequena/ média dimensão na Baixa de Lisboa. Todo um mundo novo, uma nova rotina, caras novas, tarefas diferentes e muito maior responsabilidade. Um código de comportamento e até de vestuário, toda uma organização à qual tive de me adaptar, a conjugação necessária com algumas coisas da faculdade e vida pessoal (embora muito poucas porque com o tempo que sobra muito pouco se consegue fazer). Fui muito bem recebida, ajudaram-me e aprendi imenso. Tive sorte porque fiz muita coisa e diversificada. 


Mas para lá estar, sendo o horário de trabalho das 9h às 19h, tinha de faltar à maior parte das aulas. Ao início não me pareceu assim tão mau, apesar de ter passado um muito mau bocado com a entrega de trabalhos da faculdade e apresentações, defesas e tudo mais a coincidir com a 1ª/2ª semana de trabalho, e achei realmente que era possível conciliar tudo mas há medida que o tempo passava, cada vez mais me viu / vejo a ficar para trás na faculdade. O mestrado está a meio, tem de ser feito, é o meu objetivo aqui e agora. Tenho faltado às aulas, muita matéria por ver sozinha acumulada e uma catrefada de trabalhos por fazer para apresentar já nos primeiros dias de Maio. O volume de trabalho no escritório, ainda para mais, começou a crescer a olhos vistos e a falta de pessoal para dar resposta a tudo o que lá se precisa é mais que evidente. Não está fácil conseguir orientar-me.


Além de que me custa muito não estar a 100% em  nenhum sítio, nem na faculdade, nem no trabalho. 

Depois de dar voltas e voltas à cabeça, pensar e repensar, cheguei à única decisão que podia: a prioridade é o mestrado e o trabalho/estágio tem de ficar para segundo plano e, portanto, em suspenso neste momento.

Apesar da decisão já estar tomada há algum tempo, muita coisa ainda era dúbia na minha cabeça e toldava a minha determinação. Foi a muito custo que arranjei coragem para falar do assunto ao chefe (esse "bicho papão") e a resposta que tive não podia ser mais surpreendente. Apanhou-me completamente desprevenida e disse-me que trouxesse o horário da faculdade que se faltava assim tão pouco tempo haviam de arranjar maneira de eu continuar a trabalhar e conseguir fazer o estágio. Porque estavam a gostar do meu trabalho, pensavam já em que eu fizesse ali o estágio da OA e era "um desperdício" eu ir-me embora.

Isto quando o apanhei, por pouco, à saída do escritório, na Quarta feira passada. Ora, na Quinta o sr não veio e na Sexta ninguém trabalhou portanto só hoje é que voltámos a falar.
Tudo isto fez com que eu passasse o fim de semana prolongado em verdadeira angústia e sofrimento, sem saber muito bem o que fazer, sabendo, ao mesmo tempo, perfeitamente o que precisava de fazer.

Por um lado tenho o mestrado para acabar, por outro, uma boa oportunidade de trabalho na minha área, num escritório do qual gosto, a fazer aquilo que me entusiasma, com uma equipa que me recebeu muito bem,...enfim! Um tremendo dilema, uma verdadeira guerra armada de indecisão dentro de mim, da minha cabeça.


Eu já devia ter aprendido com a minha experiência no Restaurante o semestre passado mas desta vez era na minha área e, depois de uma entrevista muito peculiar, com alguém com quem senti logo uma empatia fora do vulgar, que me compreendeu sem me conhecer de lado nenhum ou sequer me ter visto uma vez na vida...com uma proposta de trabalho para começar na semana a seguir, dali a poucos dias, quando eu estava numa fase de muita dúvida e medo de não ser capaz de arranjar trabalho na minha área... Agora sou capaz de olhar para o que aconteceu com algum distanciamento e percebo a minha atitude, porque muita coisa contribuiu para ela e a minha crença de que era possível. Afinal, se não tivesse tentado nunca saberia. Por outro lado, não fazia ideia do que realmente me esperava e, mais uma vez, não dei importância/"ouvidos" à minha humanidade porque, afinal, não sou nenhum ser super poderoso, qual super heroína.


Assim, só hoje (segunda) consegui voltar a falar, desta vez, a sós e calmamente (dentro dos possíveis que eu não consegui evitar ficar uma verdadeira pilha de nervos), com o chefe.
Mostrei-lhe o meu horário, disse lhe que não estava em causa o gostar o não do que ali estava a fazer, que tinha sido muito bem recebida, que estava a gostar imenso, que tinha aprendido tanta coisa, etc. mas que neste momento precisava de me concentrar a 200% no mestrado porque estava a ver-me deixar ficar para trás aquilo que é, na verdade, o meu objetivo neste momento. Que o que me preocupava era ainda atrasar mais a parte lectiva uma vez que posso não ser capaz de fazer as cadeiras todas este semestre, já que, cerca de um mes e meio de aulas já perdi, sendo esta uma época crucial de avaliações e aplicação e tendo eu tudo por estudar e fazer... Ele ouvi atentamente, fez algumas perguntas e no final disse-me que eu tinha primeiro, efectivamente, de despachar as aulas e que em Junho/Julho que foi quando eu lhe disse que terminariam os exames, lhe voltasse a ligar porque ambos (ele e o meu "orientador") estavam a gostar do meu trabalho, já tinham reconhecido o grande potencial que tenho, que eu sou muito inteligente e trabalhadora (que tenho talento) e que, por tudo isso, gostavam muito de me receber para o Estágio da OA.

Entre umas e outras perguntas e respostas, numa conversa do mais franca e honesta possível, completamente transparente, penso e espero que tenha compreendido a minha posição, as minhas intenções e mais um bocadinho daquilo que sou, do meu "pano de fundo" e de mim.


Desejou-me sorte para o mestrado e disse-me que a porta ficava aberta até Junho/Julho, altura em que esperariam o meu contacto. Aconselhou-me a não desperdiçar oportunidades, nem o meu potencial/talento. Eu só pude agradecer e sair daquela sala verdadeiramente aliviada.


Agora tenho de despachar tudo o que tenho na secretária para então me poder ir embora e dedicar totalmente às aulas. Tenho de me deixar de mariquices. Não há tempo para cansaços. Tenho de aproveitar o máximo que possa para descansar e trabalhar muito, empenhar-me mesmo na faculdade. Porque agora tenho outro horizonte e novas perspectivas.


No final de contas só posso estar contente por ter tido a oportunidade que tive e por ter aprendido tanto, terem gostado de mim e ter feito novos contactos e até possíveis amizades, bem como, deixado espaço para uma colaboração futura em breve.


Obrigada Senhor aí em cima que olhas por mim (nós)!

1 comentário:

  1. Muito boas noticias :) OA (advogados?) É uma área tão saturada que é mesmo uma benção. Aproveita!

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Obrigada pelas tuas palavras!

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